quarta-feira, novembro 07, 2012

O Beijo

    Está frio hoje. A rua também. O vento carrega umas folhas e uns jornais por aí. Eu continuo seguindo, ignoro-o. Na verdade eu gosto do vento, mas preciso deixá-lo de lado. Meu objetivo é outro.
 
    Lembrei daquele tempo que íamos à livraria, e nos dias de vento, olhávamos na janela as pessoas lutando contra ele. Era engraçado. Eu olhava pra você rindo e queria que o mundo parasse naquele momento.

    Você mudou muito daquele tempo pra cá. Sorria cada vez menos, não íamos mais à livraria. E nossos beijos, que antes icendiavam nossos corações, escondiam o mundo e nos tornavam vivos? Se tornaram gélidos, duros, tristes. A doença destruiu-te aos poucos...

    Viro à esquerda. A entrada é logo à frente.

    Meu mal era querer destruir o teu, e o desespero, a vontade da vitória me cegaram, e minha sina foi em vão. Te abandonei quando queria salvar.

    Há ainda algumas pessoas. Sua nova morada ainda está aberta. Você sorri? Queria que sim. Dou-te o último gélido beijo que apaga enfim o pequeno lume do meu coração.
    

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