quinta-feira, junho 28, 2012

Top 10 - Games 

Jogos variados, baseados nos MEUS preferidos, com comentários toscos de uma não especialista em games. Ah, podem achar infantil...


1- Super Mario World


É um clássico e du-vi-do que alguma criança nunca tenha jogado. Eu mesma ainda jogo pra passar o tempo, mesmo sabendo de cor e salteado todas as fases.

2- Donkey Kong Country


Confesso que eu tenho trauma de nunca ter conseguido virar esse jogo (eu sei é vergonhoso). E é um dos que eu mais tenho jogado recentemente, porque é minha meta vencer ele. 

3- Mortal Kombat 


Puderam notar que eu tenho preferência por jogos de Nintendo, e esse é um que não podia faltar. Uma dica: escolhe sempre o sub zero. 
(pra quem não entendeu, vale à pena dar uma conferida nesse vídeo, haha. http://www.youtube.com/watch?v=-vyQZVbstyI)

4- Yu-Gi-Oh Forbidden Memories



Esse é um que eu nunca enjoaria de jogar, se eu ainda tivesse ele. Recomendo um milhão de vezes, principalmente pra quem curtia o desenho.

5- Crash Bandicoot 


É legal pra tirar o tédio também. Bem divertido e eu adoro o gráfico e as caras e bocas do Crash.

6- Tomb Raider Anniversary


Meu trauma com esse jogo é ele ter trancado em uma parte... e não teve jeito, eu não pude terminar. Mas enfim, a Lara Croft super igual e linda como a Angelina Jolie.

7- GTA San Andreas


Esse eu joguei de zoeira, porque Luana não combina com mira. Legal pra quando estamos estressados ou com raiva, sair atirando à torto e a direita sem culpa (tirando o fato da polícia que vem atrás), e ouvir uma musiquinha dentro do carro.

8- Resident Evil (qualquer um)


Muito emocionante e pura adrenalina, principalmente pra mim que sou fã dos filmes. Você simplesmente se caga morre de medo, pois à qualquer momento no meio da rua escura e deserta aparece aqueles zumbis, tu se assusta e game over. 
Umbrella Corporation MUAHAHA.

9- God Of War


Geralmente esse tipo de game não me atrai, mas God Of War é bem interessante (e fácil pra eu passar das fases). Recomendo muito também!

10- Guitar Hero Brasil


E obviamente não podia terminar sem Guitar Hero,e  não que eu ache o brasileiro melhor, mas era o que a casa oferecia. Mas esse também têm uma variedade de músicas super boas pra quem gosta de rock nacional.



**Claro que tem infinitos jogos amais que eu não citei e são clássicos. Sugestão: Pac Man (mais conhecido como come-come), e um simples mas que eu adoro, é o bom, velho e antigo Tetris.






domingo, junho 24, 2012

Medo

Capítulo II


A porta se fecha atrás de você e agora a escuridão é absoluta. O chão de piso frio congela seus pés e uma corrente de ar te atinge pela frente tocando-lhe o peito.
Com o tempo seus olhos se acostumam com a falta de luz. Agora pode-se ver que o lugar onde você está é um longo corredor, sendo impossível saber se possui fim. Você se vira na tentativa de abrir a porta e sair logo daqui, entretanto suas mãos encontram apenas uma lisa e fria parede.
De repente uma baforada quente te acaricia as costas, uma tocha surge do chão, e agora você tem uma fonte de luz e calor. Com a tocha em mãos seus passos penetram ainda mais no sombrio túnel com os olhos e ouvidos atentos ao menor dos detalhes. Observando as paredes do túnel com a tocha bem próxima a elas, alguns feixes dourados incidem em seus olhos, origem do reflexo da luz em desenhos gravados na pedra lisa.
Com mais calma você entende desenho por desenho, eles seguem uma ordem cronológica. O nascimento de uma rosa branca e a formação de um riacho estão perfeitamente representados de uma forma real e delicada diante de seus olhos. É admirando cada uma das pequenas histórias que cada desenho conta, que sua atenção é atraída para uma outra. Esta, maior que as outras, mostra uma pessoa deitada ao lado de um lago. Apertando os olhos e chegando ainda mais perto, você a reconhece. A pessoa deitada é você!
Suas pernas ficam um pouco bambas e seus olhos perdem o foco por um momento. Aos poucos você se recobra do susto e parte para a figura seguinte: agora você está de pé lendo o misterioso pergaminho de Céu Azul. As figuras seguintes mostram a sua corrida, sua queda, a borboleta escarlate, o alçapão de mogno e por fim o túnel com suas figuras e você as observando.

“Não tem sentido, não é mesmo?”

Essas palavras ecoam na sua mente enquanto tudo começa a turvar novamente. Com as costas apoiadas na parede você desliza lentamente até sentar-se no chão.

“Céu Azul, Céu Azul, Céu Azul, Céu Azul...”

É apenas isso que você consegue murmurar enquanto lagrimas rolam pela sua face.
Agora você observa a outra extremidade do corredor, a outra parede agora iluminada começa a se transformar, um novo desenho surge. Você se arrasta até lá e pode ver a nova gravura: seu corpo sentado, suas mãos estiradas para frente como que querendo evitar algo, no seu rosto uma expressão de medo intenso, e a sua frente, dois olhos enormes e amarelos envoltos na escuridão.
Um cheiro forte de sangue toma suas narinas, a corrente de ar cessa, a apesar disso, a tocha apaga.
Agora ao fundo um sibilo seguido de um rosnado quebram o silencio, os dois olhos brilhantes a amarelos te observam.
Você tenta fugir, mas o Medo te prende ao chão. Um baque te joga na parede e seu braço arde como ácido. 


Está tudo escuro, muito escuro...

quarta-feira, junho 20, 2012

"Mude, mas comece devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade."      (Edson Marques)



Ah mudança... uma pequena palavra que gera grandes medos. Nunca entendi direito o por quê de termos tanto pavor de sair do lugar, se mover, se renovar, como se isso fosse algo ruim, ou algo que poderia tirar uma parte do que somos. O fato é que a mudança acontece querendo ou não, isso porque estamos em constante movimento e as coisas e pessoas ao nosso redor também, não adianta bater o pé e insistir em continuar parado no mesmo lugar, o mundo exige que deixemos velhos hábitos, pensamentos, e milhares de outras coisas de lado.
Minha filosofia é que o ser humano pode ser comparado às estações do ano. No outono todas as folhas caem se preparando para a chegada do inverno, tempo em que deve ser mais resistente, até chegar a primavera em que tudo floresce, linda e resplandescente, então finalmente vem o verão quente e alegre, pronto para terminar o ciclo e começar tudo de novo. Claro, não necessariamente nessa ordem pois somos aleatórios.
Eu sei, acabar com o comodismo e perceber que precisamos disso para viver realmente é algo muito difícil, principalmente quando se trata de sentimentos, mas estes na minha opinião, quando verdadeiros nunca devem ser deixados para trás, o que devemos deixar para trás são os ruins, como a mágoa, a dor, o ódio, o sofrimento, porque guardar isso dentro de nós é impossibilitar de irmos adiante.
Mudar não precisa ser uma coisa trágica e de uma hora pra outra, deve ser lenta e aos poucos, pode ser simples como jogar fora coisas que não usamos ou doar roupas que já não servem, pode ser na aparência que reflete de dentro para fora. Mudar não significa se tornar uma pessoa totalmente diferente de antes, aliás a essência deve e continuará a mesma, significa amadurecer e filtrar a vida até que chegue ao ponto de poder se estabelecer daquela forma, porém apenas por um tempo. Essas modificações talvez não sejam notadas pelos outros, mas se temos consciência delas é o que basta. E o principal, se quiser reformule-se todo dos pés a cabeça e quantas vezes forem necessárias, mas sempre para o melhor.











segunda-feira, junho 18, 2012

Viva, hoje é segunda!

     Segunda-feira é um dia muito odiado por todo mundo. Afinal, o fim de semana acabou e começa mais uma  semana de dureza.
     O novo quadro do blog tem como objetivo deixar sua segunda-feira um pouco menos...chata! E postaremos toda semana algo interessante para alegrar esse "temido" dia. Então, boa segunda-feira pessoal.




sábado, junho 16, 2012

Um novo começo

Hoje inicio oficialmente minhas atividades aqui no blog. Agradeço o convite da minha amiga Luana de poder escrever e divulgar meus textos e trabalhos. A conheço a três anos, e me sinto realmente honrado pelo convite.

Vou fazer o máximo para postar sempre e ajudar a Luana com a organização do blog.


Vou começar com o primeiro capítulo da série Céu Azul que escrevi. Espero que gostem:



Capítulo I

            Abra os olhos ao máximo, inspire fundo, sinta toda a sua pele junto de seus pêlos sintonizarem com o clima gélido ao seu redor.
            Nenhuma vestimenta cobre o seu corpo, seus cabelos ondulam com a brisa e apesar da luz solar tocar-te por completo, ela não te traz calor. Sob seus pés está um macio gramado extenso e intensamente verde com algumas pequenas flores brancas e amarelas. As colinas próximas a você circulam o lago que se encontra às suas costas, e ao fundo enormes montanhas cinzentas com seus cumes brancos.
            Só então você percebe: em suas mãos há um pequeno pergaminho branco e enrolado com uma fita prateada. O nó se desfaz sozinho e agora seus olhos se deparam com as letras douradas:

Bem vindo a você!
A Viagem que você acabou de realizar te trouxe a um outro nível de realidade. O Caminho que você passou e o que irá passar contém alguns valores que nem nas reflexões mais profundas alguém conseguiria alcançar. Mas não tenha medo, você conhece este lugar, afinal você vive nele. Agora siga. O seu caminho mostrará o que fazer.


Céu Azul.



             O pergaminho evapora de seus dedos. Realmente, o céu está azul.
            É então que seus pés começam a se mover, tomados por um impulso, você percebe que está correndo. O chão é fofo e faz uma verdadeira massagem nas solas dos pés, além do vento que bate na sua face. Subir as colinas é algo fácil de tão leve que estão seus passos. Entretanto o ar gélido penetra em seus pulmões. Uma dor aguda atravessa suas costas e um cansaço toma suas pernas. O equilíbrio é cada vez mais escasso e você rola colina abaixo.
            Com as costas na grama você pode observar o céu e o Sol que não lhe incomoda a vista apesar da luz. Enquanto admira essa nova possibilidade, não percebe que há uma borboleta vermelha realizando círculos em torno do seu nariz. Suas asas cintilam do mais belo escarlate e desenhos negros adornam toda a borda. De repente ela pousa, olhando para a ponta de seu nariz você observa a beleza de tão simples criatura. Agora que ela está próxima é possível perceber que os desenhos de suas asas não são realmente desenhos, são letras...

“ Siga me”

            Você mal termina de ler e o inseto alça vôo. Instantaneamente, você se põe de pé, de forma totalmente revigorada e sem dores. A borboleta é arisca e descreve parafusos no ar. Vê-se que ela te levou ao topo da mais alta colina do gramado, um alçapão redondo de mogno com uma maçaneta também redonda e feita de mármore se encontra ao lado de seus pés.
            Com a mão esquerda você toca a esfera de pedra e ao mesmo tempo um calor intenso percorre seu braço.
            A porta se abre, e você entra.
 



quinta-feira, junho 07, 2012

Top 10 (Filmes para chorar)


Ok, praticamente TODOS os filmes que tenham um draminha me fazem chorar, mas esses são os que fazem a maior parte do pessoal se emocionar.


1- Uma Prova de Amor


Se a pessoa não deixar cair uma lágrima assistindo esse filme, te digo que é sem coração. Precisei de um lenço do primeiro ao último minuto, sério.


2- Um Amor para Recordar


As meninas concordam comigo, que esse é aquele filme fofo que toca nosso coração. Nada como uma morte no fim para abrir o berreiro.


3- Marley & Eu


O ÚNICO filme de cachorro que me fez chorar. Além de fazer a gente valorizar nossos bichinhos.


4- Meu Primeiro Amor


Existe filme mais fofo e mais triste que esse? 


5- Uma Lição de Amor


É lindo demais. Não têm nem o que comentar...


6- Antes que Termine o Dia


Assisti esse ano passado e tava passando por um momento meio ruim, então sou meio suspeita. Mas, recomendo mil!


7- Querido John


Não chega a fazer chorar, mas é triste pelo fato de os dois por circunstancias da vida não ficarem juntos no final. 


8- A Procura da Felicidade


É um filme baseado em fatos reais e motivador. Sem falar, que aquela cena do banheiro é de emocionar qualquer um...


9- Diário de Uma Paixão


É de sensibilizar qualquer um que seja um pouco manteiga derretida.


10- Titanic


Voltou em 3D para nossa alegria, ou tristeza, porque não têm como não chorar quando começa aquela musiquinha tema "My heart will go on". E quem acha que é uma injustiça a Rose não ter dividido o espaço com o Jack levanta a mão \o















segunda-feira, junho 04, 2012

Todo mundo tem na vida uma coca-cola...



Tava na fila do cinema quando vi um cara com blusa das formigas atômicas acenar pra mim. Olhei duas, três, cinco mil vezes pra ver se eu não tava delirando. Ele vinha na minha direção com os braços abertos e eu calculei a distância entre o elevador mais próximo e eu. Não dava tempo de correr. Também não dava tempo de cavar um buraco no piso do shopping e pular dentro.
― Ei, preta.
― Ele me deu um abraço estranho de uma só mão e eu meio que abracei a outra mão dele e… hãm, foi um desastre. Mas meu coração doeu quando eu ouvi essa voz e esse apelidinho que anos atrás, eram suficientes pra deixar meu dia mais feliz.
― O…hei… ã. ― Eu queria dizer “Hey, oi, e aí?”. Mas não conseguia pronunciar direito.
― Quanto tempo né.
― Pois é… ― Balancei a cabeça.
― É… e aí?
― Tudo nice.
― Então… anos, né?
― Pois é. Três ou quatro. 
― Acho que é quatro.
Três anos, nove meses e quatro dias, querido.
― É… 
― Arram…
― Pois é.
Passamos algum tempo nos olhando constrangedoramente. Lembrei do tempo que nós tínhamos assunto. Era natural como respirar. Passávamos umas boas três, quatro horas no telefone. O assunto nunca acabava e o silêncio também não era um incômodo, nós meio que nos entendíamos. E olha só pra gente agora. Procurei na minha cabeça algum assunto que poderia falar com ele, mas não vinha nada. Estava quase correndo pra longe quando…
― Uma amiga minha te viu um dia desses.
Meses e meses atrás, corrigi mentalmente.
― Dalila?
― Não, não. Você não conhece.
― Então como ela sabe quem sou eu?
Ok. Já posso correr. Deveria dizer “não, é que assim, você é meio que o cara que eu mais amei na vida e meio que eu ainda falo de você pra Deus e o mundo”? Não né.
― Quis dizer que você não deve se lembrar dela, enfim, esquece.
― E esse suco aí na tua mão?
Olhei pra baixo e notei realmente que eu estava segurando um copo de suco de laranja. Alguém, que eu não me lembrava agora quem era, tinha ido comprar pipoca pra gente também, eu acho.
― É um suco.
― Tá brincando que é um suco? ― Ele ironizou. ― Tô querendo saber, é, cadê tua coca cola?
― Ah, sim, sim. Não tomo mais, sabe. ― Era minha deixa. Ensaiei falar isso faz anos. ― Mudei muito.
― Tu? Mudou? Tu? Parou de tomar coca? Ta beleza, eu acredito.
― Não ta vendo o suco na minha mão? Parei de tomar coca.
― Não parou não. 
― Parei. ― Queria jogar o suco na cara dele ― Isso aqui é suco. 
― Mas continua querendo tomar coca. 
― Isso não significa nada. 
― Claro que significa. ― Ele sorriu ― Significa que tu deixou de tomar coca, mas nunca vai deixar de tomar coca. Ela ta aí dentro de ti ainda. Tu sempre vai desejar uma coca gelada que rasga a garganta. Pega logo uma coca.
Verdade. Quase pude sentir o gosto enquanto ele dizia isso. Como eu queria coca-cola. Quase dois anos que eu não tomo e eu nunca deixei de querer tomar.
Mas enfim, o que tem haver? 
― Que bom que só querer não dá celulite né? ― Sorri. 
― Você seria linda de qualquer forma. Com ou sem celulite. ― Ele falou em um tom mais baixo e mais intenso, e eu tive um ataque cardíaco, pelo menos era o que eu sentia. Olhei pros lados disfarçando a timidez. 
― E os caras? ― Ele perguntou quando teve a certeza de que eu não iria mais responder. 
― Que caras? 
― Os caras, né. 
― Hãm? 
― Namorados, preta, namorados, problemas, paqueras, etc.
Ah sim. Isso me lembrou que tinha alguém comprando pipoca em algum lugar desse shopping. Olhei de relance pra ver se encontrava, mas aparentemente não estava em nenhum canto. Ou era culpa minha, que só conseguia ver o cara de camisa das formigas atômicas na minha frente.
― Tô namorando. 
― Você? ― Ele levantou a sobrancelha. 
Me senti um pouco ofendida com o tom de voz dele.
― Eu mesma. 
Ele me fitou por algum tempo em silêncio. 
― O que? ― Já tava sem paciência.
― É… ― ele pensou por mais alguns segundos ― Estranho, eu acho.
E eu entendi o que ele quis dizer. A gente só se conhecia como um sendo a pessoa do outro. Nós éramos o amor da vida um do outro, a alma gêmea, a metade da laranja e qualquer outro nome que dão pra isso. Era algo fora do contexto esse nosso encontro, a gente aqui, como dois conhecidos que não se vêem há anos. Como que a gente foi se perder assim? Como que nossas vidas que pareciam tão juntas e tão entrelaçadas e tão grudadas, inventaram de mudar de rumo? Eu me sentia até culpada, eu acho. Era tudo bonito demais e triste demais e apaixonado demais pra ter acabado.
― É.
― Ainda escreve?
(Escrevo. Tô escrevendo um texto sobre você nesse instante.) ― Não ― Menti. ― Não tenho mais tempo pra isso. 
― Hum… Então você mudou.
― Mudei muito.
― Mentira sua ― Ele me olhou como uma criança implicante.
― Acredite no que quiser ― Retribui o olhar.
― Aposto que ainda conta os dias e as datas.
― Não mesmo. Nem me lembrava mais disso. Aliás, que dia é hoje?
― Quanto tempo pro teu aniversário?
― Que?
― Quanto tempo falta. Para o teu. Aniversário. ― Ele falou pausadamente.
Engoli seco. ― Eu sei lá.
― Eu sei que você tá contando.
― O que? Eu mesm…
― Anda.
― Não sei.
― Diz.
― Não dig…
― Agora.
O encarei por alguns segundos até suspirar pesadamente.
― Três meses e quatro dias.
― Aniversário da tua cachorra.
― Sete meses e… seis dias. 12 de dezembro. Aniversário de Belo Horizonte. Dia da morte do José de Alencar. Aniversário do Silvio Santos também.
― Viu, eu disse.
― Grande coisa. Todo mundo tem uma mania.
― Grande coisa. Você não mudou nada.
― Cortei o cabelo.
― Não mudou a cor.
― Não assisto mais novela.
― Continua achando que a vida é uma novela mexicana.
― Não como mais miojo.
― Ainda odeia usar garfo pra cortar a carne. 
― Tá. Tá. Eu entendi. Não mudei. Você venceu. Agora, pra quê tudo isso?
― Pra me certificar.
― De que?
Ele olhou pro lado e suspirou. ― De nada. De nada. Ei… tem um cara parado ali feito um bobo, acho que ele ta procurando alguém.
Segui o seu olhar e avistei um cara com um combo de pipoca na mão.
De alguma forma ele sabia quem esse cara é. Estranho.
― É meu namorado. Eu… eu tenho que…
― Tem que ir. ― Ele balançou a cabeça positivamente.
Droga. Porque é tão difícil ir embora? ― Então, até um dia.
― Até ― Ele pegou minha mão e deu um beijo, então deu um meio sorriso e foi se afastando.
Mordi o lábio enquanto o vi partindo ― já o vira partir tantas outras vezes. A gente nunca acha que um dia vai acabar. A gente sempre acha que vai ter mais, algum dia, alguma vez. Até que acaba. Até que o máximo de proximidade entre vocês seja apenas encontrar um ao outro na fila de um cinema. E não há nada mais triste que isso de seguir em frente. Não há nada pior do que desvencilhar sua vida da de outra pessoa. E mesmo com tudo, é como se não existisse realmente um fim, mesmo depois de ter tido um fim…
― Espera! Ele se virou pra mim com surpresa em seus olhos ― O que?
― Você!
― Eu…
― Você é minha coca-cola.
― Eu sou o quê?
― Minha coca-cola. ― Ele vinha se aproximando e eu fechei os olhos, tentando me lembrar das palavras dele anteriormente. ― “Significa que tu deixou de tomar coca, mas nunca vai deixar de tomar coca. Ela ta aí dentro de ti ainda.”
― E o que isso significa?
― Você sempre vai estar aqui, mesmo não estando.
Ele deu um sorriso triste, e pelo seus olhos, vi que o meu também era. Ele colocou uma mecha do meu cabelo para de trás da minha orelha e suspirou.
― Você sempre vai ser a minha coca-cola, também.
― Até mais então.
― Até um dia, preta.
Cada um seguiu em frente novamente ― e literalmente. Fui encontrar o cara com o combo de pipoca, mas não pude deixar de olhar pra trás e ver, por mais uma ― e talvez última ― vez, o cara com a camisa das formigas atômicas.
Acho que vou tomar coca-cola hoje.


(Iolanda Valentim)