A porta se fecha atrás de você e agora a
escuridão é absoluta. O chão de piso frio congela seus pés e uma
corrente de ar te atinge pela frente tocando-lhe o peito.
Com o
tempo seus olhos se acostumam com a falta de luz. Agora pode-se ver que o
lugar onde você está é um longo corredor, sendo impossível saber se
possui fim. Você se vira na tentativa de abrir a porta e sair logo
daqui, entretanto suas mãos encontram apenas uma lisa e fria parede.
De repente uma baforada quente te acaricia as costas, uma tocha surge
do chão, e agora você tem uma fonte de luz e calor. Com a tocha em mãos
seus passos penetram ainda mais no sombrio túnel com os olhos e ouvidos
atentos ao menor dos detalhes. Observando as paredes do túnel com a
tocha bem próxima a elas, alguns feixes dourados incidem em seus olhos,
origem do reflexo da luz em desenhos gravados na pedra lisa.
Com
mais calma você entende desenho por desenho, eles seguem uma ordem
cronológica. O nascimento de uma rosa branca e a formação de um riacho
estão perfeitamente representados de uma forma real e delicada diante de
seus olhos. É admirando cada uma das pequenas histórias que cada
desenho conta, que sua atenção é atraída para uma outra. Esta, maior que
as outras, mostra uma pessoa deitada ao lado de um lago. Apertando os
olhos e chegando ainda mais perto, você a reconhece. A pessoa deitada é
você!
Suas pernas ficam um pouco bambas e seus olhos perdem o
foco por um momento. Aos poucos você se recobra do susto e parte para a
figura seguinte: agora você está de pé lendo o misterioso pergaminho de
Céu Azul. As figuras seguintes mostram a sua corrida, sua queda, a
borboleta escarlate, o alçapão de mogno e por fim o túnel com suas
figuras e você as observando.
“Não tem sentido, não é mesmo?”
Essas palavras ecoam na sua mente enquanto tudo começa a turvar
novamente. Com as costas apoiadas na parede você desliza lentamente até
sentar-se no chão.
“Céu Azul, Céu Azul, Céu Azul, Céu Azul...”
É apenas isso que você consegue murmurar enquanto lagrimas rolam pela sua face.
Agora você observa a outra extremidade do corredor, a outra parede
agora iluminada começa a se transformar, um novo desenho surge. Você se
arrasta até lá e pode ver a nova gravura: seu corpo sentado, suas mãos
estiradas para frente como que querendo evitar algo, no seu rosto uma
expressão de medo intenso, e a sua frente, dois olhos enormes e amarelos
envoltos na escuridão.
Um cheiro forte de sangue toma suas narinas, a corrente de ar cessa, a apesar disso, a tocha apaga.
Agora ao fundo um sibilo seguido de um rosnado quebram o silencio, os dois olhos brilhantes a amarelos te observam.
Você tenta fugir, mas o Medo te prende ao chão. Um baque te joga na parede e seu braço arde como ácido.
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