quarta-feira, julho 04, 2012

Acordar


Minha internet estava com alguns problemas, e por isso o Capítulo III atrasou um pouco. Mas aqui está espero que gostem



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Capítulo III

            Seu nariz arde, sua cabeça gira, há ruídos intensos vindos de todos os lados, mas você ainda não se levanta. As suas costas no chão são constantemente arranhadas pelos grãos de areia no solo. O céu está nublado.
            Com a visão mais nítida, você percebe que está numa praia. Há gaivotas no céu e o barulho das ondas logo atrás da tua cabeça. Um pequeno siri cor-de-areia sobe pela tua coxa, e com um susto dessa presença nem um pouco esperada, você se levanta pondo-se de quatro rapidamente. Só então que olhando para seu braço você percebe uma grande marca vermelha em forma de meia lua, como uma mordida. Ela arde ainda, porém o cheiro fortíssimo de sal do mar faz teu nariz arder ainda mais que o braço.
            Com um pouco de dificuldade você consegue ficar de pé, e apesar de tremer de frio, sai cambaleando pela praia. Agora é possível ver o mar: as águas cinzentas fazem muitas ondas que quebram intensamente na areia, está bem agitado. As gaivotas continuam a voar acima de tua cabeça emitindo seus sons esquisitos.
            “Onde estou? O que houve?” você pensa enquanto caminha e observa este novo lugar.
            É então que ao longe você vê algumas pedras. Imediatamente se dirige para elas na esperança de poder sentar e descansar fora da areia. Reparando melhor, as pedras são azuis bem escuro e são oito no total realizando um círculo. Aparentemente são todas iguais em forma e tamanho a não ser por algumas lascas que faltam aqui e ali.
            Você se senta, solta um longo suspiro e observa seu ferimento assustador no braço. Na verdade parece mais com uma cicatriz bem profunda, porém, que ainda arde. Com as mãos apoiadas na pedra, você vê eu a areia no centro do circulo começa a se mover sozinha. Os grãos levantam, caem e se organizam novamente até formar uma mensagem na areia:

           
           
            “ Vejo que você teve um encontro com o Medo. Esse ferimento está bem fundo e pelo jeito dói bastante. Me perdoe por sua jornada ter começado assim, mas você tinha que perceber o quão importante são os pequenos detalhes que não vemos e só percebemos mais tarde.
            Quanto ao frio, sede e fome que está sentindo...”

            Sente tua boca seca e ouve o ronco de seus estomago enquanto treme de frio. Estranho... Você não tinha fome nem sede há pouco...

            “não se preocupe, você os saciará logo.
            Estamos na praia da Consciência, onde tudo o que se faz, sente, ouve e fala se reflete grandiosamente ao seu redor. Você acabou de perder para o Medo, e quando ele vence, deixa marcas. Por isso a praia está assim.
            Tens muito a aprender, e aprenderá. Apenas tenha Paciência e Coragem. Vista esta roupa, coma desse pão e beba este elixir. Siga para longe da praia, em direção às montanhas e prepare-se para retomar a sua Busca.
                                                           Céu Azul”.

            Imediatamente após ler as escrituras duas peças de pano branco, uma camisa e uma calça que chega até suas canelas, surgem na pedra ao lado. Sobre elas há um pedaço de pão bem macio e uma taça com um líquido azulado.
            Você come a massa enquanto dá pequenos goles no liquido. O gosto de ambos é divino, e sua fome e sede cessam na mesma hora. Desembrulha as peças de pano com certo receio, mas mesmo assim as veste. Apesar de serem de uma confecção precária, elas te aquecem muito bem, seu corpo relaxa com o calor que tardava a encontrar.
            Uma vegetação composta de árvores circula a praia, aparentemente bem fechada e intransponível. É então que surge uma pequena brecha, uma trilha aberta na floresta, para a qual você se dirige.
            Na entrada um arco de folhas ondula sobre teu corpo, e o chão de terra macia se perde de sua visão devido às curvas do caminho e à vegetação que acompanha a trilha. Inspira bem fundo, estica os braços e pernas, e se adentra na mata.
            Um sentimento de alivio percorre suas veias, enquanto sem você ver, o mar se acalma e o céu dissipa todas as nuvens tornando-se azul novamente.

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